sábado, 4 de fevereiro de 2012


Eu conhecia o poder de um só pensamento,
Uma única, mas ardente paixão.
Como um verme, ele vivia em mim,
Roeu-me a alma e a incendiou.
                                                                 M.I. Lermontov – Meyzi

04 de fevereiro de 2012
Eu poderia não acreditar nisso, se não fosse eu mesma que estivesse sentindo. Pela primeira vez desde que te conheci, estou realmente confusa com o que sinto por ti. E quando antes eu achava que ficaria feliz quando esse dia chegasse, hoje me sinto muito mal e triste. Que dor que me dá esse sentimento. Sinto-me mal pelo modo que te tratei ontem, e tuas palavras passam pela minha cabeça causando turbilhões, dando um nó em minha garganta. É como se meu coração parasse de funcionar, entende? Eu sempre repeti pra você e pra mim mesma que esse dia chegaria, e eu ansiava ferozmente por isso, e agora me sinto tão atroz por não saber o que sinto, ou o que não sinto. Achei que o gosto seria de liberdade.
Não sei se isso se deve ao fato de eu não acreditar em você, da falta de fiúza que você me causa, mas eu não consigo resgatar aquela paixão, aquela adoração de sempre. Aquela que eu sempre fazia acordar depois de me ver obrigada a adormecê-la com muita dor. Dor que eu me fazia esquecer sempre que você voltava pra mim, com aqueles cabelos enrolados que eu adorava puxar enquanto te beijava, com os olhos que eu nunca consegui decifrar o que estavam expressando, e a boca que eu sempre achei perfeita, delineada, e macia. Parece que a dose de calmante que eu dei pro meu amor dessa vez foi forte demais. Tão grande que dormiu profundamente e está difícil demais de despertar. Ate me parece impossível.
Não sei o que me dói tanto. Acho que é a incumbência que sinto ter com você. Porque no fundo eu sei que ainda não passa de um menino sozinho que precisa de alguém que te cuide. E eu sei, sempre soube, que ninguém cuidará tão bem de você quanto eu.

[...] formavam um casal esplêndido; mas, “como a foice que encontra a pedra”, desentenderam-se. [...] Ambos são caprichosos e obstinados; e ainda que ela, como mulher, acabasse submetendo-se, brigavam constantemente. Nunca foi um amor tranqüilo, mas tempestuoso, abalado por lagrimas e cenas fortes. Assim transcorreram alguns meses, mas, aos 17 anos, o que é constante?
- Nina Lugovskaia