sábado, 12 de maio de 2012


Eu não devia, mas reli as cartas. Hesitei muito antes de abrir, mas abri. Li apenas o primeiro parágrafo, e já comecei a tremer, e me vieram frios na barriga consecutivos. Doe-me o passado recente, me doe todas as mentiras, todos os seus relacionamentos frustrados, doe-me não conseguir esquecer e deixar pra trás todos os seus erros. É ácido. Queima-me. E eu odeio a parte de mim que te ama e não conseguiu se vingar por todas as humilhações. Ás vezes penso... talvez eu seja calculista e não tenha percebido ainda. Talvez eu queria me vingar ao poucos. Talvez eu já esteja me vingando. Essa parte eu também odeio. Quem ama perdoa, já dizia o poeta. Eu acho que te amo, e acho também que não vou perdoar. Como faz?
Suporto poucas pessoas. É essa a parte que eu amo. Conheço vários tipos de mulheres, aquelas com as quais você se envolveu, e sabe? Amo a parte que passei a querer ser diferente, passei a querer ser melhor, que passei a querer SER. E nós temos gostos diferentes, você comeria pizza todo final de semana, e eu não suporto mais o cheiro, você torce pelo real madri e eu pelo barcelona, você fala baixo e eu grito, você mente e magoa as pessoas e eu sou sincera e magôo as pessoas. O caso é que, eu não estou bem como devia estar. Parece que se criou uma armadura dentro de mim, e eu não me permito mais me entregar, nem me sentir completamente feliz, porque quando tudo vier a desmoronar novamente eu quero estar pronta, e em pé, e forte. E definitivamente não estou feliz, mas não me arrisco pôr tudo por água a baixo, porque a fé de que tudo vai melhorar é sempre a consoladora de sempre.  E eu, to aqui novamente, esperando tudo acontecer novamente. Pela 1.000ª vez.